quinta-feira, 25 de junho de 2009

O Palhaço e a Rosa parte4


O rapaz tentou dizer mais uma vez que era tudo um engano, mas já era tarde, o velho já estava longe e tinha uma multidão a sua volta esperando para cumprimentá-lo.

E foi assim que a vida o fez palhaço.

Todos o elogiavam muito e parabenizavam pela incrível atuação, ele confuso não sabia o que responder.

Ao ouvir aquelas palavras ele pensou que talvez todos ali tivessem razão, quem sabe não tivesse vocação para palhaço, enfim ele seria bom em algo, como não queria voltar pra casa com a vergonha de não ter sido aceito ele poderia dizer para os pais que tinha conseguido a vaga de trapezista e ficar como palhaço até que ele pudesse fazer o teste novamente para o que ele queria. Ele agradeceu a todos saiu correndo pra casa.

Chegando em casa os pais já esperando a notícia de que ele não havia conseguido foram surpreendidos quando o filho entrou pela porta radiante dizendo a mentira que havia ensaiado por todo o caminho. Não era bom com mentiras, talvez aquela fosse a primeira vez que enganava seus pais, mas se saiu muito bem, eles acreditaram! E não tinha preocupação de seus pais irem ao circo, eles simplesmente não gostavam de nada daquilo, nem faziam questão de ir nem que fosse só para agradar o filho.

A noite veio e ele não conseguia dormir com aquilo tudo na cabeça, ele o rapaz mais tímido do mundo iria se apresentar no circo em pleno Domingo, dia que o circo ficava mais cheio na semana.

A cidade onde morava era muito pequena, não tinham muitas atrações o circo era programação certa dos domingos, todos estavam acostumados a essa rotina, pela manhã a missa e ao anoitecer o circo.

Pensou naquilo tudo até que o sono e o cansaço de um dia intenso o tomaram nos braços.

Acordou tarde o suficiente para perder a hora da missa, e isso era tudo que não podia acontecer, justamente naquele dia que ele precisava de toda proteção e ajuda possível acordou tarde.

Mas tinha outra maneira para conseguir falar com Deus e receber energias positivas, no seu lugar favorito onde ele se sentia em total sintonia com o universo.

Todos os domingos depois da missa e o almoço com a família ele pegava sua bicicleta e ia para o seu refúgio brincar de equilibrista.

Era realmente um lugar mágico, que havia descoberto no mesmo dia em que decidiu que queria ser equilibrista aos 13 anos de idade, fazia um calor escaldante nesse dia, ele estava indo para o rio se refrescar como de costume, até que ouviu o anúncio, “O Circo Chegou na cidade!”, então na mesma hora desviou seu caminho do rio e foi ver a grande novidade.Ele nunca havia visto um circo antes. Foi entrando, naquele dia a entrada era franca.

Quando fitou seus olhos naquelas pessoas vestindo roupas coloridas, fazendo coisas incríveis que nem nos sonhos imaginava, logo ficou encantado, mas ficou intrigado principalmente com um personagem daquele conto de fadas surreal que ali passava; um homem que mais parecia um Super-Herói das historinhas em quadrinhos, que usava uma roupa colada no corpo como o Super-Homem e tinha o total controle de seu corpo e seus movimentos, saltava de um lado para o outro se equilibrando em coisas inimagináveis. Quis ser equilibrista na mesma hora.

O espetáculo acabou então voltou a sua ida rio, mas aquela idéia não saia da cabeça, decidiu que precisava arrumar um trapézio para se equilibrar assim como seu herói, chegando ao rio viu na outra margem uma árvore gigante que parecia brotar das águas, seus galhos enormes tampavam totalmente a visão do outro lado, mas pra ele parecia perfeita para ser seu trapézio. Nadou contra a correnteza até que chegou até a árvore, foi entrando cada vez mais pelo emaranhado de galhos até que passou para o outro lado, quando viu o que a árvore escondia ali não acreditou, era simplesmente mágico, um pedaço de terra descampado que se assemelhava a um anfiteatro, fechado por um morro que cercava todo o local isolando-o do resto do mundo.

Pra ele aquilo seria o picadeiro perfeito, aquela árvore imponente seria seu trapézio, o sol que durante a tarde se posicionava justamente em cima da árvore fazendo a luz passar pelos galhos e se transformar em figuras no chão seria o holofote, o campo seria a arquibancada, tudo perfeito. Mas faltava algo, ele não sabia o que, mas sentia que algo faltava ali no seu Circo.

Foi quando percebeu que nunca seria um Circo completo se não tivesse uma platéia, como não tinha amigos e não queria dividir seu achado com mais ninguém descartou a possibilidade de usar pessoas, olhou a volta e viu algumas pedras, alguns galhos secos, nada que realmente poderia servir de platéia, até que viu lá no fim do campo alguns girassóis que apontavam para o sol que ficava acima da árvore.

Olhando daquele ângulo realmente dava a impressão de que os girassóis o observavam felizes e atentos. Mas achou que eram poucos os Girassóis na platéia, na semana seguinte voltou com algumas sementes e jogou por todo o campo. Depois de algum tempo as sementes brotaram e foram crescendo até que se tornaram uma enorme platéia de girassóis, que cobria todo o campo e nos dias de Sol o observavam atentamente. E no meio dos girassóis algo estranho aconteceu, uma Roseira incrivelmente linda e majestosa nasceu ali, ele não havia plantado nenhuma roseira só Girassóis, mas assim que a viu se apaixonou e parou de questionar como ela havia chegado ali.

Aquela Roseira misteriosa no meio de todos aqueles Girassóis felizes.

Ficava ali durante horas se equilibrando e se apresentando para o público dourado e principalmente para a senhorita de vermelho ao centro, que sem criatividade nenhuma havida dado o nome de ROSA. Rosa era a única que quando anoitecia e a platéia vibrante de girassóis murchava, permanecia a observar atentamente o espetáculo.

As vezes dava a impressão que os Girassóis até aplaudiam, mas na verdade se tratava do barulho da correnteza do rio em contato com as pedras na margem. Mas preferia acreditar que eram palmas.

5 anos se passaram e ele ainda tinha o seu refúgio só pra si, e naquele dia ele precisava mais que tudo das boas vibrações daquele lugar, saiu mais cedo que o de costume já que não tinha ido a missa e nem estava com fome para esperar o almoço, pegou sua bicicleta e foi até o rio, atravessou a nado, chegando na outra margem aos pés da árvore ouviu um barulho parecido com uma voz, seu coração parou, haviam descoberto o seu lugar, conforme ia se aproximando a voz ficava mais alta, uma voz aguda, possivelmente de mulher, falando coisas para alguém, quando se aproximou mais, pode ouvir claramente era uma voz feminina e parecia estar recitando uma poesia.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

O Palhaço e a Rosa parte3

Naquele momento ficou completamente nervoso sem saber o que fazer, as bochechas queimando de vergonha,as mão suando e as pernas bambas feito bambu,quando ficava assim seu corpo agia independente de sua mente e obedecia o que lhe ordenavam instintivamente, foi se direcionando até o trapézio e sem raciocinar foi subindo, cada degrau que subia mais as pernas tremiam, quando chegou ao topo tremia mais que uma britadeira, mas estão algo aconteceu, começou a ouvir uma voz, voz essa que o acalmava, dizendo pra ele seguir em frente e fazer o seu sonho se realizar que aquela era a oportunidade que ele tanto tinha esperado, uma voz inspiradora, ele geralmente nunca ouvia essa voz, sempre ouvia a que dizia pra ele desistir correr pra casa que lá sim era lugar seguro, era muito frouxo tinha medo da rede de proteção não funcionar, mas dessa vez não, resolveu ouvir a voz que o apoiava.

Posicionou-se na corda completamente desengonçado, e todos embaixo o observando cheios de expectativas, então inconsequente deu seu primeiro passo em um trapézio, que por coincidência
também foi o seu ultimo como trapezista , ao tentar colocar o outro pé se desequilibrou e no susto tentou se agarrar a corda com um dos pés, então ficou pendurado de cabeça pra baixo balançando os braços em desespero, como era muito magro um gaiato gritou da platéia.

- Parece uma lagartixa pendurada!!!


Todos começaram a rir, ele pendurado lá desesperado o medo havia tomado seu raciocínio, começou a gritar por socorro, com uma voz aguda como de uma mulher com medo de barata, ai que todos começaram a gargalhar descontroladamente e cada grito que dava as risadas aumentavam, até que ele sem forças já de tanto gritar e tentar se segurar soltou a corda, caiu de costas na rede deu uma pirueta e meia e foi lançado para fora da rede direto para o chão do picadeiro por sorte caiu em uma poça de lama que havia se formado ali e graças a isso sua queda foi amortecida e não sofrera nenhum ferimento.

Após alguns segundos se levantou meio zonzo coberto de lama e viu que todos o olhavam, então disse com a voz ainda aguda do susto:

- Eu estou legal pessoal, juro!

Ao tentar andar escorregou e caiu outra vez de cara na lama. Então todos começaram a rir, gargalhar, alguns rolavam no chão, outros choravam de tanto rir, tinha sido a coisa mais engraçada que eles já haviam visto o sujeito mais desengonçado da face da terra.
Depois de alguns minutos, na verdade muitos minutos de risadas o velho de fraque amarelo, se virou para o rapaz que já estava de pé tentando tirar a lama do rosto vermelho de tanta vergonha


- quase me pegou rapaz, por um segundo achei mesmo que queria ser equilibrista...

E o garoto sem entender:

- mais eu quero mesmo ser equilibrista senhor

O velho riu, botou a mão no ombro do rapaz e disse:

- O espetáculo já terminou filho...

- Você é simplesmente genial, o palhaço mais engraçado que já vi em toda a minha vida, vai ficar muito famoso sabia!? Sua primeira apresentação para o público será amanhã mesmo. Parabéns você agora faz parte do nosso circo!


E o velho saiu rindo e repetindo sem parar que o rapaz era um gênio da comédia.

terça-feira, 23 de junho de 2009

O Palhaço e a Rosa parte2


Quando chegou ao circo, que também era uma escola de artes circenses, já foi acreditando que seria fácil, era só dizer que queria ser equilibrista e pronto. Chegou para um velhinho que estava parado na entrada do circo, vestindo um Fraque amarelo e disse:

- olá senhor, como faço pra me inscrever nesse circo, quero ser equilibrista.

O senhor o respondeu todo sorridente mesmo sem ter nenhum dos dentes na boca:

- olá rapaz, é simples, me acompanhe.

E foi andando com passos muito rápidos pra alguém daquela idade, seguindo uma reta passando pelas fileiras de cadeiras, até que chegaram ao centro do picadeiro.

O garoto confuso por não estar vendo fichas de inscrição nem nada ali perguntou:

- Onde me inscrevo? Acho que não me entendeu bem, é minha primeira vez aqui, vim pra me inscrever e só, onde estão os papéis?

O velhinho começou a rir

- Aqui não usamos papéis nem fichas de inscrição nem nada disso, esqueça as regras do mundo lá fora, agora você esta em outro mundo. Para se inscrever terá que se apresentar!

E então o velho explicou que naquele circo havia todo um processo de seleção, na verdade era quase um teste vocacional, o teste era realizado assim que o aluno chegava, na frente de todos os presentes no circo, dependendo do desempenho e do porte da pessoa que estava se apresentando os professores decidiam se tal aluno tinha realmente vocação para ser malabarista, mágico, domador, palhaço ou quaisquer outras das funções exercidas naquele lugar mágico.

Justamente naquele dia, quando ia fazer o seu teste a casa estava cheia, algumas horas antes de chegar havia acontecido ali uma conferência de artes circenses, reunindo os maiores circos de toda a região.

Ao ouvir o velho dizer tudo aquilo garoto ficou branco e sem ação, quando viu estavam todos o observando curiosos, e então o velhinho gritou:

- Pode começar sua apresentação, quer ser malabarista certo? Então ali esta o nosso trapézio suba e nos impressione.


O Palhaço e a Rosa parte1


Pois bem, vamos começar nossa história...
Mais primeiro vou me apresentar...
Oi eu sou o narrador, prazer... , sou só o narrador, não fui eu quem inventou essa história que vou te contar, nem sei se foi inventada ou se aconteceu realmente, só estou repassando algo que o vento me trouxe aos ouvidos, a muito tempo atrás, ou talvez a nem tanto tempo assim...

Enfim gostei do título de narrador da história; sempre quis ser aquela voz que vai contando os fatos, como se a voz que decidisse tudo o que vai acontecer como se fosse “Deus”, o “Deus” da história eu poderia ser só mais um contador de histórias como de fato sou, mas como não nos conhecemos e acredito que não vai se importar.


Vamos lá então, por onde começo? A sim falando do personagem principal, na verdade acho que “personagem principal” não é o título certo para dar pra alguém tão insignificante, mais como a história fala em grande parte dele então ficaremos assim.

Ele era um garoto muito tímido e desajeitado de nome que não me recordo agora, mais isso não é tão importante, nada nele é na verdade, não é implicância minha, eu juro, mas é que ele mesmo se fazia invisível, não sei se realmente era isso que ele queria passar ou se a vida fizera dele tão apagado no mundo. Mas temos que chamá-lo de algo então o chamaremos de palhaço mesmo, pelo menos até me recordar do nome.

Ta ok! Confesso que tenho um pouco de implicância com ele sim, onde já se viu, personagem principal sabe, tem que ser o mocinho, o Herói, O desbravador, não um simples palhaço desajeitado, até o fato de ser palhaço não foi ele quem decidiu, foi a vida mais uma vez que se encarregou disso.


O seu maior sonho desde a infância era ser equilibrista, um sonho tão forte, tão forte, e talvez o único que ele já tivera.

ele acreditava que os equilibristas tinham total controle de seus corpos e do todo a sua volta, que estavam em perfeita sintonia com o universo o que era o extremo oposto dele desajeitado como só ele, quando tinha seus 18 anos de idade decidiu largar tudo o que tinha (o que ao mesmo tempo era nada) para se juntar a um circo muito famoso de sua cidade, também não me recordo o nome do circo, sua família ficou assustada com a estranha decisão, mas como sabiam que ele não levava nenhum jeito para a coisa imaginavam que aquilo não iria adiante. Mas ele decidido e pela primeira vez confiante foi assim mesmo.