domingo, 22 de novembro de 2009




Alguém me tirou das mãos a garrafa de tudo que eu desejo e me deu um copo pequeno e um dosador menor ainda.

Com ele dosaram tudo, tudo que eu mais quero em minha vida
Dosaram minha liberdade, botaram hora na minha ida e minha vinda

Dosaram minha alegria, já não posso mais rir do que não faz sentido
Dosaram minha autenticidade, já não escolho nem a cor do meu sorriso

Dosou o meu silêncio, meu coração não tem mais paz nem moradia
Dosou o meu barulho, já não canto mais uma simples melodia

Dosaram minhas lembranças, minhas recordações agora vagam no escuro
Dosaram minha esperança, já não sei o que será do futuro

Dosaram até minha tristeza, já não posso nem mais fracassar
Dosaram meus sentimentos, já não sei mais se devo amar

Mas um dia me canso, quebro o copo e num grito falo
Devolva minha garrafa, felicidade se bebe no gargalo.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

I Want You


Lembro-me de quando eu tinha meus 17 anos e abominava tudo na vida que envolvesse regras e normas, como todo adolescente normal acho, e é justamente nessa fase em que você quer ser um “fora da lei” e curtir pelo mundo afora, que seu País o convida a uma vida de regras e ordens sem sentido.
“Aliste-se agora ás forças armadas!”

Eu como bom rebelde sem causa e fã incontestável de Bob Dylan, odiei a idéia, quem não odiaria?
Vida de soldado é puro sofrimento, ter que acordar antes do sol nascer, marchar feito um robô sem nem ao menos pensar se vai chegar a algum lugar com isso, ficar de pé durante horas imóvel, acatar ordens sem sentido de um idiota que se julga superior só porque tem alguns broches a mais pendurados no peito, sem falar em ter treinamento de guerra e quem sabe ser chamado para algum conflito mundial e voltar louco e paranóico como os que passam por estas experiências.


Muitos anos se passaram pra ser mais exato 5 anos, e agora vejo que eu não estava totalmente certo, eu nem imaginava os perigos de ser um civil nos tempos de hoje.
Acordo para trabalhar todos os dias antes do sol nascer, pra ser mais exato se eu olhar para o céu ele nem aparenta ter mais de 3 meses de gravidez para algo nascer dali, caminho um bom pedaço ainda sonolento e me arrumando pelo percurso com passos apressados, e não importa o quanto eu ande rápido eu sempre corro o risco de perder o ônibus e mofar a espera de outro, quando consigo pegar a condução me deparo com mais 200 civis disputando um espaço quadrado que de acordo com a placa em cima do motorista indica que só seria habitável para 48 de nós, passo cerca de 2h de pé, bem próximo a outros seres humanos, que diferente de mim nem sempre se dispõe de alguns minutos matinais para higiene pessoal tornando ainda mais desagradável meu trajeto, chegando ao trabalho me deparo com um sujeito que tenho que acatar as ordens só porque este dispõe de alguns zeros a mais que eu em seu contracheque, e as vezes me pergunto se rastejar na lama não seria uma ordem mais sensata do que algumas que recebo.
As vezes me pergunto se não seria mais fácil ser militar e muitas vezes acho que seria sim, e ao passar perto de um quartel acho tão filosófico ficar ali parado contemplando o universo, sozinho, com um fuzil que tem tantas funções quanto um peso de papel. De todas as semelhanças de minha vida como Civil e a de um Militar, percebo que só me faltou ter treinamento de guerra, o que seria muito útil, pois moro no Rio de Janeiro e trabalho próximo as favelas mais perigosas do Brasil,e como sabemos a guerra já começou faz tempo, mas quem vai à luta não são os militares, são civis como eu e você.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Sobre o Palhaço e a Rosa




Venho por meio deste explicar
Mesmo sem saber por que,
vou tentar dizer
O motivo de não mais publicar

Não publico porque não achei bom
Se fosse uma melodia,
sem medo diria
Que desafinei, saí do tom

Não publico porque o texto fala de mim
Igual a todos meus textos,
sei que é só um pretexto
Mas achei melhor por um fim

Não publico porque ninguém leria
Não sou um escritor famoso
Escrevo de curioso
A poesia do dia a dia

Agora chega, não vou mais mentir
Não publico porque me apaixonei
E como todo apaixonado não quis dividir

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Sair comigo mesmo e voltar sozinho





Ontem me convidei para sair
não questionei meus motivos nem discordei
simplesmente aceitei
concordamos com a escolha do local
um buteco comum com aquelas máquinas de música
sentamos em uma mesa no canto
não queríamos provocar estranhamento, nem olhares comovidos
pedimos o mesmo para beber, uma cerveja gelada
seguimos a noite sem trocar nenhuma palavra
até que lá pela décima rodada
nossos olhares se encontraram lá no fundo do copo
desviamos os olhos de vergonha
vergonha de tudo aquilo que fizemos conosco
ou que deixamos de fazer por nós
nos olhamos fixamente por mais uma eternidade,
até que resolvi colocar uma música para quebrar o gelo
fui até a maquininha, coloquei uma moeda e escolhi Hey Jude dos Beatles
é incrível como a música une as pessoas
cantamos em uma só voz sem nos preocuparmos
com o que pensariam de nós
cantamos até que nos tornamos um
fui pra casa só e feliz

Os barcos






O Homem é como um barco
Precisa de um porto para ancorar suas emoções

Às vezes escolhemos lugares Como porto,
Mas lugares mudam, acabam, se modernizam
Transformam-se em ruínas
E deixam de ser seguros para as lembranças

Às vezes escolhemos pessoas como porto
Mas pessoas Mudam, são ausentes, se negam
Transformam-nos em ruínas
E deixam de ser seguras para os sentimentos

Então resolvi procurar por Deus
Desde então nunca me faltou lugar seguro para ancorar.